Quinta, 25 Abril 2024

Política

Rubens Furlan rebate Bolsonaro: “tratar pandemia como ‘gripezinha’ é idiotice”

Política

Rubens Furlan rebate Bolsonaro: “tratar pandemia como ‘gripezinha’ é idiotice”

Barueri e Santana de Parnaíba estão ampliando número de leitos destinados a pacientes com a doença 

Rachados com o presidente, governadores participaram de conferência online com Bolsonaro dia 25 (Marcos Corrêa/PR)
O prefeito de Barueri, Rubens Furlan (PSDB), criticou, nesta quinta-feira (26), o posicionamento do presidente Jair Bolsonaro de minimizar o impacto do novo coronavírus na saúde pública. "Não é uma gripezinha, não. Tratar isso como uma simples gripezinha é idiotice. É pandemia, é muito grave", disse o prefeito à Folha de Alphaville

O gestor barueriense não está sozinho (veja abaixo). Entidade que representa os administradores dos municípios de todo o Brasil, a Frente Nacional de Prefeitos (FNP) repudiou, na quarta-feira (25) a fala de Bolsonaro que pediu o fim do confinamento no combate à epidemia.

"O que ele faz é algo inadmissível", afirmou o presidente da entidade, Jonas Donizette, que é prefeito de Campinas (SP).

Ao mesmo tempo, as prefeituras de Barueri e Santana de Parnaíba têm seguido as recomendações do Ministério da Saúde, que colidem com as declarações recentes de Bolsonaro. 

As duas administrações estão trabalhando para ampliar o número de leitos destinados ao tratamento de pacientes com a doença - que deve atingir o pico de casos até junho, segundo o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

Hospitais de campanha
Em Parnaíba, o prefeito Elvis Cezar (PSDB) anunciou a criação de um Hospital de Retaguarda no bairro Fernão Dias com 48 novos leitos, e o desenvolvimento de um aplicativo disponibilizando todas as informações sobre a doença para facilitar a conscientização da população. "Nós não concordamos integralmente com o que o presidente tem falado", disse Cezar. "Nós priorizamos a vida", afirmou. 

Já em Barueri, o prefeito Rubens Furlan disse que a cidade precisa de 200 leitos para atender essa demanda, dos quais já havia 150 até esta quarta-feira (25). "Eu não descarto que seja insuficiente, mas se for, já está tudo preparado para fazermos um hospital de campanha", disse. O equipamento poderá ser instalado na Arena ou no Ginásio de Esportes local. 

Além disso, as prefeituras decretaram estado de calamidade pública, o que permitiu o fechamento de comércios, escolas e eventos, bem como a dispensa de licitação nas compras de insumos e serviços necessários ao enfrentamento da epidemia. 

"Não é hora para disputas políticas. A gente sabe que esse isolamento custa muito para os municípios, para os Estados e para o País, mas não devemos encarar isso como uma gripezinha", disse Furlan. 


Lideranças da Região Oeste também mostram descontentamento com presidente

Desde o início da disseminação do novo coronavírus pelo Brasil, lideranças da Região Oeste têm criticado a postura do presidente, que vem minimizando o impacto do Covid-19, chamada por ele de "gripezinha".

O deputado Emidio Souza (PT) atacou o mandatário, chamando de "desserviço" o pronunciamento feito na terça-feira (24). "Foram 5 minutos de pura falta de respeito com o povo", afirmou.
Enquanto isso, o prefeito de Cotia, Rogério Franco (PSD), chamou de "incoerência" a fala do presidente. Seu colega, Igor Soares (Podemos), prefeito de Itapevi, disse estar "arrependido" pelo apoio a Bolsonaro nas eleições de 2018. 

Soares foi incisivo: "é inadmissível um homem público, que deveria defender a vida humana, ir contra todas as recomendações de combate ao coronavírus".
Antes, no dia 16, a deputada Bruna Furlan havia compartilhado tweet do presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia (DEM), em que ele diz que Bolsonaro "está mais preocupado em assistir às manifestações que atentam contra as instituições e a saúde da população".

A mensagem fazia alusão à presença do mandatário na manifestação do dia 15 de março, quando, sob suspeita de estar contaminado, cumprimentou diversos apoiadores em frente ao Palácio do Planalto. 

Apesar de minimizar a doença, até o dia 24, já havia chegado a 23 o número de infectados só na comitiva que viajou com o presidente aos Estados Unidos em meados de março.
Bolsonaro também não esclareceu até o momento se foi ou não infectado pelo novo coronavírus

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