Uso de celular por crianças: maioria dos leitores é contra, aponta enquete
O caso impulsionou discussões no Congresso Nacional sobre regulamentações digitais para a proteção infantil
A prisão do influenciador Hytalo Santos marca um ponto de inflexão no debate sobre a proteção de menores no ambiente digital, evidenciando a urgência de medidas eficazes para coibir a exploração infantil nas plataformas online (leia mais sobre o caso abaixo).
O caso impulsionou discussões no Congresso Nacional sobre regulamentações digitais para a proteção infantil, incluindo propostas de atualização do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A deputada Erika Hilton elogiou Felca pela coragem e alertou sobre a urgência de leis que acompanhem o uso da internet por crianças e adolescentes.
Na votação realizada quarta-feira (20), os deputados aprovaram o projeto de lei que combate "adultização"nas redes sociais. O texto volta para nova análise do Senado, onde foi apresentado em 2022.
De acordo com uma enquete realizada nas redes sociais da Folha de Alphaville, de segunda-feira (18) para terça-feira (19), a maioria (87%) dos respondentes acha que as crianças com menos de doze anos não deveriam utilizar celular, enquanto 13% opinaram como uma situação normal.
Sobre os menores terem perfis em redes sociais, 85% não concordam, 2% disseram que não há problema e 13% acreditam que tudo bem, desde que acompanhados por pais ou responsáveis.
O resultado da enquete também apontou que, para 99%, a mídia influencia na adultização. A maioria (71%) dos participantes passou a refletir sobre o assunto após a denúncia feita por Felca (veja abaixo).
Quase todos os participantes (99%) avaliaram como os pais sendo os responsáveis pela prevenção da adultização e proteção das crianças contra explorações na internet.
No total, 2,2 mil pessoas responderam as questões da FA.
Prisão
O influenciador digital Hytalo Santos foi preso preventivamente em 15 de agosto de 2025, em Carapicuíba, acusado de exploração sexual e econômica de menores, tráfico humano e trabalho infantil irregular.
A prisão ocorreu após denúncias feitas pelo youtuber Felca, que publicou um vídeo intitulado "Adultização" em 6 de agosto, expondo práticas de sexualização precoce de crianças e adolescentes nas redes sociais.
No vídeo, que ultrapassou 45 milhões de visualizações em poucos dias, Felca apresentou evidências de que Hytalo promovia "reality shows" com menores de idade, incluindo a adolescente Kamyla Maria Silva, conhecida como "Kamylinha", em situações consideradas inadequadas.
As denúncias levaram o Ministério Público da Paraíba (MP-PB) a intensificar as investigações, resultando na prisão de Hytalo e de seu marido, Israel Nata Vicente, também conhecido como Euro.
Suspensão perfil Hytalo
A Justiça determinou, além da prisão preventiva, a suspensão dos perfis de Hytalo nas redes sociais, a desmonetização de seus conteúdos e a proibição de contato com menores de idade envolvidos nos vídeos. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou habeas corpus solicitado pela defesa, mantendo o casal detido.
A repercussão intensa não apenas trouxe atenção pública ao tema, mas também impulsionou ações judiciais e a tramitação de projetos de lei, consolidando o caso como um marco no debate sobre proteção infantil nas redes sociais no Brasil.