Vitória de Piteri derruba tentativa de volta de Gil e expõe erros da campanha
Diferente de 2012, ex-prefeito não conseguiu se colocar como melhor opção e vidraça do último mandato pode ter sido decisivo
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A vitória de Beto Piteri (Republicanos) para a Prefeitura de Barueri manterá o grupo do prefeito Rubens Furlan (PSB) no poder e expõe os erros e dificuldades enfrentadas pelo ex-prefeito Gil Arantes (União) nas eleições de 2024.
Considerado favorito nas pesquisas de intenções de voto antes da campanha, Gil viu sua vantagem diminuir gradualmente, enquanto a máquina administrativa funcionava a favor de Beto, que conquistou 55% dos votos no segundo turno.
A vitória quebrou um cenário que lembrava 2012, quando Gil venceu Carlos Zicardi, então vice-prefeito de Furlan, que foi escolhido para disputar aquela eleição. No entanto, alguns fatores deste ano foram diferentes e podem ter sido fatais para a derrota do candidato do União Brasil.
Uma das mudanças, pouco citada, é o próprio adversário. Enquanto Zicardi perdeu a compostura com provocações da oposição (chegou a mostrar o dedo em uma sessão da Câmara), Beto adotou uma postura moderada, deixando os embates mais agressivos a cargo de aliados e do próprio prefeito Rubens Furlan.
A alcunha de "bigodão" atribuída a Beto, com o título "cuidado com o bigodão", foi revertida pelo jingle do grupo, que passou a usar "fio do bigode" como uma marca positiva.
Escolha da vice
Outros fatores podem estar mais ligados a Gil. A começar pela escolha do vice: em 2012, ele se uniu a Jacque Munhoz, ex-vice-prefeito de Furlan, que havia conseguido uma boa votação em 2008. Isso trouxe um nome que agregava mais votos à sua candidatura.
Em 2024, Gil decidiu manter tudo dentro da família, escolhendo a ex-primeira dama Silvia Arantes, que se filiou ao PL para garantir a aliança partidária.
Para alguns, essa escolha indicou falta de confiança em outros aliados do grupo, além de que Silvia poderia garantir apenas os votos de quem já é eleitor do político, apesar de poder agregar o voto feminino.
Por outro lado, a falta de confiança se mostrou justificada, já que alguns vereadores abandonaram a candidatura antes mesmo da votação do segundo turno.
Outra mudança significativa foi que, neste ano, Gil não estava com um mandato, ao contrário de 2012, quando era deputado estadual e vinha sendo reeleito com tranquilidade. Em 2022, ao ensaiar seu retorno à prefeitura, optou por se concentrar na pré-campanha, sem os benefícios que um mandato na Alesp (Assembleia Legislativa) poderia oferecer.
Apesar de ter conseguido o apoio de diversos partidos, formando uma coligação grande com vários vereadores, isso não foi suficiente. O ponto crucial parece ter sido que, diferente da última vitória, Gil tentava um retorno após um mandato mal avaliado e um afastamento provisório.
Quando enfrentou o grupo de Furlan há 12 anos, ele contava com ampla popularidade, após duas gestões bem avaliadas à frente da prefeitura. Desta vez, seu trabalho entre 2013 e 2016 foi alvo de diversas críticas, e ele mesmo admitiu que não realizou tudo o que gostaria naquele período.
Aliados de Furlan exploraram os problemas vividos naquela época à exaustão, e esse desgaste pesou na reta final da campanha.
2º turno inédito
A eleição deste ano também foi a mais disputada desde a redemocratização, pois foi a primeira a ter um segundo turno. Em 2012, quando Gil venceu, havia outros três candidatos além de Zicardi. Mas nenhum deles ultrapassou os 3%.
Desta vez, a decisão do vereador Fabião (MDB) de concorrer à prefeitura mudou um pouco o panorama. Fabião se posicionou como nome para a mudança e conquistou perto de 9% dos votos, o que foi o fator decisivo para haver um segundo turno, pois ninguém passou dos 50%.
Com isso, os votos de quem gostaria de mudança se dividiram entre Gil e Fabião, e também Sabrina Nabuco (PSOL). Mas no segundo turno, Fabião declarou apoio a Beto e boa parte dos votos dados ao vereador migraram para o vice-prefeito.