Sexta, 29 Março 2024

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De mal a pior

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De mal a pior

Nem nos meus piores pensamentos eu esperava que as coisas chegassem ao ponto que chegaram

Quem me acompanha sabe que eu sempre fui contra arbitragem de vídeo no futebol. Não precisa ser nenhum gênio para perceber que esse tipo de tecnologia não cabe na modalidade. Confesso, entretanto, que nem nos meus piores pensamentos eu esperava que as coisas chegassem ao ponto que chegaram. 

Futebol não é vôlei, nem tênis, muito menos natação ou atletismo. Não basta verificar se a bola caiu dentro ou fora, se o atleta esbarrou ou não na rede, quem bateu primeiro na borda da piscina, quem rompeu primeiro a fita de chegada. No futebol existem interpretação, intenção, interferência, conceitos absolutamente impossíveis de serem atestados por uma imagem de TV. 

A atitude do goleiro do Botafogo, que fez picadinho do var em pleno gramado do Engenhão, não pode ser elogiada. Mas ela tem uma simbologia. É o protesto de alguém que treina, se dedica, se entrega e sempre acaba derrotado por escolhas políticas, que olham unicamente a cor da camisa. 

O que aconteceu nos dois últimos jogos na Vila Belmiro, então, chega às raias do sobrenatural. Quarta-feira no estádio do Palmeiras também. Não é possível uma coisa dessas. 

É uma pena que estejamos no Brasil. Aqui nenhum dirigente quer moralizar a situação, dar credibilidade ao produto. Todos querem apenas ganhar, não importa a que preço. Quem é prejudicado hoje não luta para que ninguém mais seja prejudicado e sim, apenas, para ser o beneficiado de amanhã. É assim que funciona.

Não há, portanto, nenhuma perspectiva de melhora a curto prazo. 


José Calil

Jornalista esportivo

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